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Quem é Cristiana da Luz?
Apaixonada pela vida, acessível, faceira por natureza, motivada pelo diferente, hippie sem dread no cabelo, aberta ao desconhecido, curiosa, maior parte do tempo vegetariana, praticante do que me faz bem, exigente comigo e muitas vezes com o outro, autêntica nas escolhas, sem interferências cirúrgicas ou botox, consciente do muito que preciso evoluir, intensa, amante da Índia e dos países árabes.
Quando pensamos em você para ser nossa Capa e tema do nosso editorial, levamos em conta algo que você mesma diz que muitos lhe perguntam: Como dar conta de tudo e ficar bem? E ainda... é possível dar conta de todo e ficar bem? Afinal, Cris, filha, neta, esposa, mãe, empresária, coach, palestrante, amiga, atleta, guia, e por ai se vão as funções...
Muito mais do que consciência dos papéis que desempenho, sei exatamente quem sou, porque sou e como sou. Essa percepção sobre mim mesma é uma construção contínua e tem acontecido “de dentro pra fora”.
Em minha receita íntima tenho claro a diferença que quero fazer na minha vida e na vida das pessoas, tanto das que amo como daquelas que ainda desconheço, essa consciência também chamo de propósito de vida. Tenho clareza sobre meus talentos, sobre meu ciclo, meu mapa astral, minhas habilidades e competências, meus comportamentos, minha fisiologia, sobre as crenças que me limitam e as que me impulsionam, sobre meu estilo em se vestir, sobre como me posiciono em cada cenário que atuo, sobre o DNA que carrego de meus antecedentes os quais os honro pelo simples fato de terem me dado a vida e os aceito como são e também sou consciente sobre a influência dos mundos – ocidente e oriente - os quais tenho experimentado nas mais diferentes formas de ver a vida entre além da linha do “certo e errado”.
Sei como funciono: o que me impulsiona, o que me desiquilibra, o que me energiza, o que me gera medo; o que desperta o melhor de mim, o que me faz passar uma noite em claro sendo a pessoa mais feliz do mundo, o que me desafia a ser melhor do que sou e do o que me gera ansiedade. Tudo isso faz parte do que chamo de meu autoconhecimento.
Meus valores são claros para mim, entre eles a justiça e o olhar para os que tem menos condições, que nem sempre são condições financeiras; pois pobreza de espírito e de educação ferem e limitam tanto quanto a falta de dinheiro. Assim, riqueza e pobreza vão além de conceitos sociais já estabelecidos. Me sinto parte e aprendo muito entre as mulheres violentadas na Índia, olhando para a violência que cometo comigo mesma quando faço escolhas que ferem meu corpo físico e minha energia. Me sinto parte entre aquelas que usam burca e que são tão livres quanto nós brasileiras que agredimos nosso corpo para se encaixar em um padrão. Me sinto parte entre aquelas faveladas que me ensinam como superar o racismo que também enfrento ao lado de minha filha menor, no meu próprio bairro. Também tenho uma voz que pulsa em mim para aqueles que a maioria torna invisível ou seleciona como especiais: mendigos, malabares, negros, gays, paraplégicos e para os países que muitos discriminam sem nunca ter pisado por lá.
Tenho definido o que quero para os próximos 05 anos nas 12 áreas da minha vida: espiritualidade, autoconhecimento, equilíbrio emocional, relacionamento amoroso, família, saúde, finanças, hobbies, trabalho, casa, contribuição social e amigos. Como sei da importância de tornar visual o que quero, tenho um “quadro de visão” no meu quarto para que todos os dias eu esteja em contato com minhas escolhas. Para algumas áreas as quais chamo de “áreas de alavanca” (áreas que se bem trabalhadas sustentam e auxiliam na realização das demais), tenho um planejamento detalhado com data e prazos para realização de metas. Tendo consciência disso tudo, organizo minhas responsabilidades e hobbies em um “cronograma semanal” detalhado, o qual as pessoas as quais dividem os mais diversos cenários comigo – família, amigos e colaboradoras – tem conhecimento.
Além disso, tenho o apoio de pessoas incríveis ao meu lado, que me dão suporte e tranquilidade, as quais posso contar sempre que preciso; tanto para cuidarem de meus filhos, como para me assessorar nos eventos, para me fazer companhia na estrada e para cuidar da minha casa e da minha empresa. Pessoas as quais sem elas metade do que faço não existiria.
O símbolo da Loba, qual o significado? E como surgiu?
Em 2010 tive contato com minha dor mais íntima, momentos que me desafiaram a desapegar do que nunca me pertenceu e de controles que nunca tive. Momento que mostrou o quanto eu desconhecia de minhas fragilidades, o quanto egoísta eu tinha sido, que me fez ver que eu era SIM “substituível” e como disse minha terapeuta Stela na época, que “o o mundo não era cor de rosa” conforme eu insistia em pintar. Me sentir sozinha e responsável 100% pela minha felicidade me gerou um medo que mal cabia em mim. Naquele momento muita coisa foi importante, inclusive para traçar meu caminho até aqui. Entre pessoas, lugares e novos desafios eu precisava de um símbolo que despertasse em mim todos meus próprios elementos para minha cura. Comecei a pesquisar e me deixei guiar pela intuição. Descobri que os lobos e as mulheres saudáveis tem certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para devoção. Ambos são profundamente intuitivos e tem preocupação para com seus filhotes, parceiros e sua matilha. Se adaptam em circunstâncias em constante mutação, além de uma determinação feroz e extrema coragem. Foi quando o destino me apresentou um comercial no qual me vi atuando: https://www.youtube.com/watch?v=J8IZs1DbfRw ; e também a obra da Clarissa Pinkolas Estés “Mulheres que correm com os lobos”. Assim, há 09 anos a loba faz parte de meus dias.
Cris, onde busca força e inspiração?
Na minha conexão com o divino, no olhar tranquilo de meus filhos, no chá que minha mãe prepara pra mim, na simplicidade de meu pai, nos braços do Fabiano, na felicidade latente compartilhada com minhas amigas, na conversa inteligente com minha filha Fernanda, na leveza do andarilho, nas caminhadas solitárias na natureza, nas corridas noturnas por ruas sem nome, na dança que me entrego, na mochila que preparo para atravessar o mundo, no canto do meu quarto onde faço minha meditação, na inquietude por querer mais, nos mantras que me trazem de volta pra mim.
Como lida com as adversidades?
Penso sempre no significado da palavra namastê: “O Deus que habita em mim saúda o Deus que há em ti”, assim; tudo que há em mim também existe em você e vice - versa. A inveja que vejo em ti também há em mim, o amor que vejo em ti, também há em mim; a raiva, o medo, a ansiedade, o sonho...tudo que vejo em ti também há em mim. Sendo assim, não tenho razão nem para te criticar ou julgar, porque sou exatamente igual apenas em circunstâncias diferentes. Todos nós buscamos um único objetivo final que é a felicidade, e os caminhos para conquistá-la nem sempre são os mesmos. Einsten já dizia que não existe mundo real, que tudo é nossa interpretação sobre o que vemos. Entendo que toda relação requer adequação de valores, de ponto de vista, e de maturidade. Tudo que nos gera desconforto é porque precisamos olhar. Então nesse caminho todo vou aprendendo e buscando acertar – o que nem sempre é certo na interpretação do outro. É desafiador principalmente nas relações mais próximas à nós, como em nossa família, trabalho e amigos, pois nestas relações mostramos um pouco mais sobre quem somos ou tentamos ser.
Através da sua profissão teve a oportunidade de conhecer muitos países e também como 1 dama ter contato com muitas pessoas, valores, culturas e modos de vida, sendo assim, qual sua opinião sobre o Universo da Mulher e a Mulher no Universo? Inclusive criou um evento com este tema...
Nós mulheres estamos historicamente em um movimento bem interessante. Buscamos muito por direito, oportunidade e igualdade. As conquistas foram muitas, porém, isso tudo nos colocou em um cenário que exige muito mais de nós. Exige gerenciamento do tempo, definição do que queremos, desenvolvimento de novas habilidades e comportamentos, e também requer um posicionamento mais maduro frente aos desafios internos e externos. Sinto que a grande maioria tenta dar conta de tudo que a mídia mostra como prioridade, o que além de desnecessário é difícil e tem gerado ansiedade e frustração. Essa percepção vem me desafiando a desenhar novas palestras como a que estou finalizando agora que se chama “Receita íntima. Autodesenvolvimento na prática.” Ou seja, assim como para mim - me conhecer faz toda diferença - estarei entregando ferramentas e teorias que possibilitem isso para quem se sentir conectada com esse mesmo propósito. Já em minha agência de turismo, além de explorar novos destinos, trazemos o conceito de “viagem com propósito” que através das experiências em cada país expandimos a forma com que enxergamos o mundo e a nós mesmos.
Em geral as mulheres são “eternas insatisfeitas”. O que você considera essencial para a mulher sentir-se bem e feliz como é e está?
A insatisfação é positiva quando nos impulsiona e direciona em evoluir no que é necessário, mas sem drama. Ter clareza do que queremos e ter foco na ação através de uma rotina inteligente, que pode ser organizada através de um quadro ou um cronograma semanal, com dia da semana e horário determinado para tudo que é importante, faz muito sentido. Também considero essencial nos inspirar em pessoas que já chegaram onde buscamos estar um dia, independente da área da vida. Buscar por pessoas que são exemplos, que tem a técnica pra chegar lá, ao que chamo de “meta modelo”, e segui-las nas redes sociais ou agendar uma café e pedir ajuda para compreender passo a passo, isso te dá uma direção. Lembrar que a comparação com outra pessoa gera ansiedade, já a comparação comigo mesma - olhar pra quem eu era há dois anos atrás e quem sou hoje -gera agradecimento e autoconfiança. Curtir a criação de mim mesma, ser honesta com minhas escolhas e buscar por metas que façam sentido para mim mesma. Ter pequenos rituais diários que me conectam com o “aqui e agora” – mindfulness -, como passar um creme após o banho tendo consciência de cada curva do meu corpo, preparar um chá natural após o almoço, perfumar a casa todas as manhãs ao passar o café, sentir a temperatura da grama ao tocar meus pés...Vale citar a pesquisa de Harvard a qual diz que temos “centros de bem estar”, que servem para sinalizar as escolhas através de nossas sensações, ou seja, é também estar atenta a este sinalizador interno.
Você é sem dúvida uma mulher inspiradora, tem a leveza e força necessária para encarar os desafios da vida. Como adquiriu isso?
A gente só dá o que tem. Só consigo passar conhecimento se usufruo dele. Só te dou segurança se sou segura. Só consigo dar amor se este residir em mim. Minha história me deu oportunidades de evoluir através das pessoas que marcaram minha vida positivamente ou com sensações que no momento não pude compreendê-las, mas, que mais tarde consegui ressignificar e percebi que nunca fui vítima e sim aprendiz. Tenho estado de peito aberto pra tudo que se apresenta, lembrando do princípio de Stephen Covey, a regra do 10 X 90; que diz que os 10% da vida estão relacionados com o que acontece conosco e os outros 90% da vida estão relacionados com a forma que eu reajo aos 10%. Ou seja, não consigo controlar as estações do ano, nem os fatos; porém posso pensar e decidir a resposta que darei a cada situação.
No que acreditas?
Hoje acredito em muitas coisas que nem sempre fizeram sentido. Acredito no meu mantra pessoal, que escrevi em 2014: “Sou a força que preciso para conquistar o que quero!”. Também acredito que tudo que eu quis de verdade dei um jeito e fiz acontecer. Acredito em um mundo de possibilidades que dependem do meu primeiro passo. Acredito no meu lado bom e no lado bom de todo ser humano. Acredito que não existe fracasso, apenas feedback. Acredito que a arte de ser leve pode ser adquirida em momentos duros de encarar. Acredito que vou viver até os 93 anos (minhas amigas dizem que todo ano aumento 1 ano). Acredito que como diz o título da obra da Ana Claudia Quintana Arantes “A morte é um dia que vale a pena viver”, preciso lembrar da brevidade da vida que pulsa em mim e fazer acontecer minhas paixões.
Como coach e palestrante qual mensagem você procura deixar para as pessoas?
Sou 100% responsável pela minha felicidade.
Do que mais se orgulha Cris?
Da minha persistência.
Da minha coragem em assumir quem sou.
Da busca em permitir que o outro seja quem ele é.
Cristiana da Luz
*Entrevista para a Revista Mais Atitude & Grupo RCO
Março 2019
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Quem é Cristiana da Luz?
Apaixonada pela vida, acessível, faceira por natureza, motivada pelo diferente, hippie sem dread no cabelo, aberta ao desconhecido, curiosa, maior parte do tempo vegetariana, praticante do que me faz bem, exigente comigo e muitas vezes com o outro, autêntica nas escolhas, sem interferências cirúrgicas ou botox, consciente do muito que preciso evoluir, intensa, amante da Índia e dos países árabes.
Quando pensamos em você para ser nossa Capa e tema do nosso editorial, levamos em conta algo que você mesma diz que muitos lhe perguntam: Como dar conta de tudo e ficar bem? E ainda... é possível dar conta de todo e ficar bem? Afinal, Cris, filha, neta, esposa, mãe, empresária, coach, palestrante, amiga, atleta, guia, e por ai se vão as funções...
Muito mais do que consciência dos papéis que desempenho, sei exatamente quem sou, porque sou e como sou. Essa percepção sobre mim mesma é uma construção contínua e tem acontecido “de dentro pra fora”.
Em minha receita íntima tenho claro a diferença que quero fazer na minha vida e na vida das pessoas, tanto das que amo como daquelas que ainda desconheço, essa consciência também chamo de propósito de vida. Tenho clareza sobre meus talentos, sobre meu ciclo, meu mapa astral, minhas habilidades e competências, meus comportamentos, minha fisiologia, sobre as crenças que me limitam e as que me impulsionam, sobre meu estilo em se vestir, sobre como me posiciono em cada cenário que atuo, sobre o DNA que carrego de meus antecedentes os quais os honro pelo simples fato de terem me dado a vida e os aceito como são e também sou consciente sobre a influência dos mundos – ocidente e oriente - os quais tenho experimentado nas mais diferentes formas de ver a vida entre além da linha do “certo e errado”.
Sei como funciono: o que me impulsiona, o que me desiquilibra, o que me energiza, o que me gera medo; o que desperta o melhor de mim, o que me faz passar uma noite em claro sendo a pessoa mais feliz do mundo, o que me desafia a ser melhor do que sou e do o que me gera ansiedade. Tudo isso faz parte do que chamo de meu autoconhecimento.
Meus valores são claros para mim, entre eles a justiça e o olhar para os que tem menos condições, que nem sempre são condições financeiras; pois pobreza de espírito e de educação ferem e limitam tanto quanto a falta de dinheiro. Assim, riqueza e pobreza vão além de conceitos sociais já estabelecidos. Me sinto parte e aprendo muito entre as mulheres violentadas na Índia, olhando para a violência que cometo comigo mesma quando faço escolhas que ferem meu corpo físico e minha energia. Me sinto parte entre aquelas que usam burca e que são tão livres quanto nós brasileiras que agredimos nosso corpo para se encaixar em um padrão. Me sinto parte entre aquelas faveladas que me ensinam como superar o racismo que também enfrento ao lado de minha filha menor, no meu próprio bairro. Também tenho uma voz que pulsa em mim para aqueles que a maioria torna invisível ou seleciona como especiais: mendigos, malabares, negros, gays, paraplégicos e para os países que muitos discriminam sem nunca ter pisado por lá.
Tenho definido o que quero para os próximos 05 anos nas 12 áreas da minha vida: espiritualidade, autoconhecimento, equilíbrio emocional, relacionamento amoroso, família, saúde, finanças, hobbies, trabalho, casa, contribuição social e amigos. Como sei da importância de tornar visual o que quero, tenho um “quadro de visão” no meu quarto para que todos os dias eu esteja em contato com minhas escolhas. Para algumas áreas as quais chamo de “áreas de alavanca” (áreas que se bem trabalhadas sustentam e auxiliam na realização das demais), tenho um planejamento detalhado com data e prazos para realização de metas. Tendo consciência disso tudo, organizo minhas responsabilidades e hobbies em um “cronograma semanal” detalhado, o qual as pessoas as quais dividem os mais diversos cenários comigo – família, amigos e colaboradoras – tem conhecimento.
Além disso, tenho o apoio de pessoas incríveis ao meu lado, que me dão suporte e tranquilidade, as quais posso contar sempre que preciso; tanto para cuidarem de meus filhos, como para me assessorar nos eventos, para me fazer companhia na estrada e para cuidar da minha casa e da minha empresa. Pessoas as quais sem elas metade do que faço não existiria.
O símbolo da Loba, qual o significado? E como surgiu?
Em 2010 tive contato com minha dor mais íntima, momentos que me desafiaram a desapegar do que nunca me pertenceu e de controles que nunca tive. Momento que mostrou o quanto eu desconhecia de minhas fragilidades, o quanto egoísta eu tinha sido, que me fez ver que eu era SIM “substituível” e como disse minha terapeuta Stela na época, que “o o mundo não era cor de rosa” conforme eu insistia em pintar. Me sentir sozinha e responsável 100% pela minha felicidade me gerou um medo que mal cabia em mim. Naquele momento muita coisa foi importante, inclusive para traçar meu caminho até aqui. Entre pessoas, lugares e novos desafios eu precisava de um símbolo que despertasse em mim todos meus próprios elementos para minha cura. Comecei a pesquisar e me deixei guiar pela intuição. Descobri que os lobos e as mulheres saudáveis tem certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para devoção. Ambos são profundamente intuitivos e tem preocupação para com seus filhotes, parceiros e sua matilha. Se adaptam em circunstâncias em constante mutação, além de uma determinação feroz e extrema coragem. Foi quando o destino me apresentou um comercial no qual me vi atuando: https://www.youtube.com/watch?v=J8IZs1DbfRw ; e também a obra da Clarissa Pinkolas Estés “Mulheres que correm com os lobos”. Assim, há 09 anos a loba faz parte de meus dias.
Cris, onde busca força e inspiração?
Na minha conexão com o divino, no olhar tranquilo de meus filhos, no chá que minha mãe prepara pra mim, na simplicidade de meu pai, nos braços do Fabiano, na felicidade latente compartilhada com minhas amigas, na conversa inteligente com minha filha Fernanda, na leveza do andarilho, nas caminhadas solitárias na natureza, nas corridas noturnas por ruas sem nome, na dança que me entrego, na mochila que preparo para atravessar o mundo, no canto do meu quarto onde faço minha meditação, na inquietude por querer mais, nos mantras que me trazem de volta pra mim.
Como lida com as adversidades?
Penso sempre no significado da palavra namastê: “O Deus que habita em mim saúda o Deus que há em ti”, assim; tudo que há em mim também existe em você e vice - versa. A inveja que vejo em ti também há em mim, o amor que vejo em ti, também há em mim; a raiva, o medo, a ansiedade, o sonho...tudo que vejo em ti também há em mim. Sendo assim, não tenho razão nem para te criticar ou julgar, porque sou exatamente igual apenas em circunstâncias diferentes. Todos nós buscamos um único objetivo final que é a felicidade, e os caminhos para conquistá-la nem sempre são os mesmos. Einsten já dizia que não existe mundo real, que tudo é nossa interpretação sobre o que vemos. Entendo que toda relação requer adequação de valores, de ponto de vista, e de maturidade. Tudo que nos gera desconforto é porque precisamos olhar. Então nesse caminho todo vou aprendendo e buscando acertar – o que nem sempre é certo na interpretação do outro. É desafiador principalmente nas relações mais próximas à nós, como em nossa família, trabalho e amigos, pois nestas relações mostramos um pouco mais sobre quem somos ou tentamos ser.
Através da sua profissão teve a oportunidade de conhecer muitos países e também como 1 dama ter contato com muitas pessoas, valores, culturas e modos de vida, sendo assim, qual sua opinião sobre o Universo da Mulher e a Mulher no Universo? Inclusive criou um evento com este tema...
Nós mulheres estamos historicamente em um movimento bem interessante. Buscamos muito por direito, oportunidade e igualdade. As conquistas foram muitas, porém, isso tudo nos colocou em um cenário que exige muito mais de nós. Exige gerenciamento do tempo, definição do que queremos, desenvolvimento de novas habilidades e comportamentos, e também requer um posicionamento mais maduro frente aos desafios internos e externos. Sinto que a grande maioria tenta dar conta de tudo que a mídia mostra como prioridade, o que além de desnecessário é difícil e tem gerado ansiedade e frustração. Essa percepção vem me desafiando a desenhar novas palestras como a que estou finalizando agora que se chama “Receita íntima. Autodesenvolvimento na prática.” Ou seja, assim como para mim - me conhecer faz toda diferença - estarei entregando ferramentas e teorias que possibilitem isso para quem se sentir conectada com esse mesmo propósito. Já em minha agência de turismo, além de explorar novos destinos, trazemos o conceito de “viagem com propósito” que através das experiências em cada país expandimos a forma com que enxergamos o mundo e a nós mesmos.
Em geral as mulheres são “eternas insatisfeitas”. O que você considera essencial para a mulher sentir-se bem e feliz como é e está?
A insatisfação é positiva quando nos impulsiona e direciona em evoluir no que é necessário, mas sem drama. Ter clareza do que queremos e ter foco na ação através de uma rotina inteligente, que pode ser organizada através de um quadro ou um cronograma semanal, com dia da semana e horário determinado para tudo que é importante, faz muito sentido. Também considero essencial nos inspirar em pessoas que já chegaram onde buscamos estar um dia, independente da área da vida. Buscar por pessoas que são exemplos, que tem a técnica pra chegar lá, ao que chamo de “meta modelo”, e segui-las nas redes sociais ou agendar uma café e pedir ajuda para compreender passo a passo, isso te dá uma direção. Lembrar que a comparação com outra pessoa gera ansiedade, já a comparação comigo mesma - olhar pra quem eu era há dois anos atrás e quem sou hoje -gera agradecimento e autoconfiança. Curtir a criação de mim mesma, ser honesta com minhas escolhas e buscar por metas que façam sentido para mim mesma. Ter pequenos rituais diários que me conectam com o “aqui e agora” – mindfulness -, como passar um creme após o banho tendo consciência de cada curva do meu corpo, preparar um chá natural após o almoço, perfumar a casa todas as manhãs ao passar o café, sentir a temperatura da grama ao tocar meus pés...Vale citar a pesquisa de Harvard a qual diz que temos “centros de bem estar”, que servem para sinalizar as escolhas através de nossas sensações, ou seja, é também estar atenta a este sinalizador interno.
Você é sem dúvida uma mulher inspiradora, tem a leveza e força necessária para encarar os desafios da vida. Como adquiriu isso?
A gente só dá o que tem. Só consigo passar conhecimento se usufruo dele. Só te dou segurança se sou segura. Só consigo dar amor se este residir em mim. Minha história me deu oportunidades de evoluir através das pessoas que marcaram minha vida positivamente ou com sensações que no momento não pude compreendê-las, mas, que mais tarde consegui ressignificar e percebi que nunca fui vítima e sim aprendiz. Tenho estado de peito aberto pra tudo que se apresenta, lembrando do princípio de Stephen Covey, a regra do 10 X 90; que diz que os 10% da vida estão relacionados com o que acontece conosco e os outros 90% da vida estão relacionados com a forma que eu reajo aos 10%. Ou seja, não consigo controlar as estações do ano, nem os fatos; porém posso pensar e decidir a resposta que darei a cada situação.
No que acreditas?
Hoje acredito em muitas coisas que nem sempre fizeram sentido. Acredito no meu mantra pessoal, que escrevi em 2014: “Sou a força que preciso para conquistar o que quero!”. Também acredito que tudo que eu quis de verdade dei um jeito e fiz acontecer. Acredito em um mundo de possibilidades que dependem do meu primeiro passo. Acredito no meu lado bom e no lado bom de todo ser humano. Acredito que não existe fracasso, apenas feedback. Acredito que a arte de ser leve pode ser adquirida em momentos duros de encarar. Acredito que vou viver até os 93 anos (minhas amigas dizem que todo ano aumento 1 ano). Acredito que como diz o título da obra da Ana Claudia Quintana Arantes “A morte é um dia que vale a pena viver”, preciso lembrar da brevidade da vida que pulsa em mim e fazer acontecer minhas paixões.
Como coach e palestrante qual mensagem você procura deixar para as pessoas?
Sou 100% responsável pela minha felicidade.
Do que mais se orgulha Cris?
Da minha persistência.
Da minha coragem em assumir quem sou.
Da busca em permitir que o outro seja quem ele é.
Cristiana da Luz
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Março 2019
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